Existe Destino?

A astrologia sempre teve um apelo místico. Essa inevitável experiência nem é tão ruim quanto possa sugerir. Acredito fortemente que o aspecto místico e oculto que tanto nos atrai na astrologia seja responsável por convidar a mente racional a experimentar a humildade de cogitar novas realidades fora do nosso campo de controle.
Visto desta forma, qualquer que seja a forma de relação que as pessoas tenham com a astrologia irá gerar em distintos níveis relações de proximidade com uma subjetividade e positivamente com uma abertura intelectual.
"Futurologia" no entanto em nada enriquece esta experiência e muitas pessoas ainda direcionam a sua relação com a astrologia com esta única expectativa. Querer prever e se antecipar diante de eventos é uma antítese diante de uma proposta e função mais elevada: a arte está na beleza da entrega ao trabalho e não na vitória-derrota do trabalhador.
No belíssimo livro Bhagavad Gita, Krishna instrui o seu primo Arjuna "... que a única coisa que Ele esperava dele seria se oferecer ao serviço e não querer saber o resultado de tal obra".
Em suma, diante da encantadora disposição do teatro da vida, somos seres com um drama pessoal rico em nuances, personagens coadjuvantes, conflitos, vitórias e tragédias. Mas que ao concluir do capítulo o que se deverá celebrar é a intensidade e espontaneidade da entrega ao papel, da integridade do "artista" e do amor que se percebe como assinatura em cada ação.
Embora, existam tradições que se dedicam a campos da astrologia védica especializados em previsões e inclusive registrando aqui o reconhecimento da possibilidade de tais recursos, esse não deve ser o entendimento central da meta da astrologia.
A proposta Maior é compreender o instante presente pois esta é a única forma de prever o futuro, ou melhor, de permitir que ele aconteça.